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Francisco Antônio Cabral de Mello Azedo - I





Continuando com as informações acerca da família Cabral de Mello com origem em Pernambuco/Paraíba, chegamos a Francisco Antônio Cabral de Mello Azedo, uma pessoa ímpar pelo seu modo de agir, sendo em certos casos até pitoresco, como bem tratou o grande Mauro Motta, seu bisneto, em diversas colunas redigidas no Diário de Pernambuco.

Como dito no texto do blog anterior, até o momento não encontramos outros filhos de João de Mello Azedo que possuísse o sobrenome Cabral de Mello, faltam identificar 11, mas realmente parece que apenas ele teve está combinação no sobrenome.

Nascido em Serra Verde/Paraíba, a 1º de janeiro 1824, falecendo no Recife, a 15/08/1899, estando sepultado na Matriz da Boa Vista (Recife/PE). Tendo este nome em homenagem a seu tio materno Francisco Antônio Cabral de Vasconcellos.

Senhor do engenho Tabocas (Seu Mello de Tabocas, como João Cabral o chamava e fez um verso que segue abaixo), entre outros, na Paraíba e em Pernambuco.

Seu Melo, do Engenho Tabocas



1.
Houve um Paudalho que já foi
E não se vê no que sobrou:
Então sobradões de azulejo
(ainda hoje ao sol) foram o sol

de muito engenho que em sua órbita
moía-se a todo o vapor
mandando mascavado e histórias
de engenho do sabido teor,

em que só um lado da história
como que consegue ter cor:
história sem cheiro ou mau cheiro,
por exemplo, os do suor.


2.
Histórias de engenho: de crimes
Que não o que a safra atrás;
A briga inigual com as usinas
(nesse então, Engenhos centrais);

histórias de engenho: de crimes
de escravo (unânime é o acordo);
de brigas de senhor de engenho.
de brigas entre irmãos, genro e sogro;

a de um cangaceiro acoitado
sob o fraque do promotor;
de leilões de escravos, do padre
que o filho menino leiloou.



3.
Histórias de engenho: as do próprio
Cabral de Melo das Tabocas:
mais conhecida, a do francês
que foi mascatear à sua porta.

Gabou-se de filha mais velha
que falava francês. Chamou-a:
e enquanto ela fala ao francês,
no francês de colégio ou prova,

da cara dela, fixamente,
nenhum momento ele descola:
matava o galego a pau, disse,
se do que dissesse ela cora.


4.
Paudalho então: o Tapacurá,
sua várzea, Poço, Cruz, Tabocas,
Engenho Velho e Engenho Novo,
e Tiúma, de ingleses, já polva;

por onde Seu Melo e sua boca,
melhor, Seu Melo e suas desbocas,
não se ousava mandar calar,
por alto que dissesse as coisas;

Paudalho, onde ele falava alto,
do alto do vozeirão, das botas
da boca Melo Azedo, mortal,
mais que as circunstantes pistolas.




Algumas curiosidades relatadas por seus descendentes, como o dito por sua bisneta Maria de Lourdes Cabral de Mello Fernandes:

*        Certa feita estava ele vindo do seu engenho em S. Lourenço da Mata ao Recife e no meio do caminho soube que tinha sido proclamada a República, voltou num galope só para o engenho e quando lá chegou o cavalo exaurido morreu;
*        Outra história curiosa dele é quando estava nervoso, dizia que iria embora por causa de seus problemas e uma velha empregada da Casa Grande sempre dizia: ”Aonde o cachorro vai que não leva suas pulgas...”.

Casou a 28/05/1849 com D. Ângela Felícia Lins de Albuquerque, nascida na Paraíba, a 1o de outubro de 1829, falecendo no Recife a 02/04/1922, filha do Major Diogo Soares de Albuquerque e da sua esposa D. Cândida Esméria Lins de Albuquerque.

Relação dos filhos de “Seu Mello de Tabocas”:

1.    Cândida Cabral de Mello (*12/10/1850 – 21/06/1924);

2.    Francisco de Assis Cabral de Mello (*1851 – 1873);

3.    Thereza Cabral de Mello (*17/16/1853 – 02/12/1931);

4.    João Cabral de Mello (*1854 – 1854), fato não conhecido, antes de João Cabral, teria tido outro que deve ter falecido ao nascer;

5. Dr. João Cabral De Mello (*no Recife, a 22/05/1856 – 15/06/1912);

6. Maria da Conceição Cabral de Mello (*20/11/1857 – 08/08/1923);

7. Dr. Manoel Cabral de Mello (*06/04/1859);

8. Júlia Cabral de Mello (*1860 – 1876);

9. Ângela Cabral de Mello (*20/01/1862 – em decorrência do parto, em 1892);

10. Isabel Cabral de Mello Burity (tia Bela) (*02/02/1863 – 1956);

11. Anna Cabral de Mello (1864);

12. Emília Cabral de Mello (*17/08/1866 – 1942);

13. Dr. Diogo Soares Cabral de Mello (*no Engenho Tabocas, Nossa Senhora da Luz, PE, a 23/12/1867 – no Rio de Janeiro, a 30/10/1917);

14. Maria de Jesus Cabral de Mello (*15/05/1869 – 18/04/1919);

15. Francisca Emília Cabral de Mello (*04/10/1870 – 1957).



ACM

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