Nascido em Nossa Senhora da
Estrela da Ribeira Grande (hoje Matriz), na Ilha de São Miguel –
Açores/Portugal a 07/10/1776 e falecido em 09/09/1850, estando sepultado nas
ruínas da Capela de São Filipe do seu engenho Puxi de Cima, localizado na
várzea do Rio Paraíba, mais precisamente no município de Cruz do Espírito
Santo/PB.
Fazendo um parêntese e falando
um pouco dos Mello Azedo, trata-se de uma família oriunda dos Dias Azedo
chegando ao arquipélago dos Açores (mais precisamente na Freguesia da Ribeira
Grande, hoje Matriz, situada na costa norte da Ilha de São Miguel, a maior e
mais populosa das nove ilhas que compõe o arquipélago) nos primórdios de sua
colonização em meados do século XV, atraídos pela sua fertilidade e pela
abundância de águas.
Poucos sabemos dos Dias
Azedos, mas aos poucos eles já tomam parte na vida sócio-cultural como
proprietários de moinhos de água, descendentes de moleiros, e sendo umas das
poucas famílias que conseguem enriquecer com está atividade. Chegando a possuir
diversos moinhos. A comprovação deste relato é confirmada, pois já na segunda e
terceiras gerações eles se casam com família notadamente de posses, como
Travassos Velho Cabral (oriunda dos Senhores de Belmonte, através de D.
Violante Cabral c.c Luís da Cunha), Cabeceiras, Columbreiros, entre outras,
afirmar por enquanto qualquer notícia anterior a está seria mera especulação,
pois eles não possuíam bens na sua chegada a Ribeira Grande o que dificulta
bastante a identificação, visto que eles só vieram a constar nos arquivos distritais
e cartoriais duas ou três gerações depois de sua chegada, quando eles fizeram
enlaces com famílias tradicionais.
Seu pai, PEDRO DE MELO, que
casou em primeiras núpcias no Brasil, na cidade de São João Del Rei, na
província das Minas Gerais, com Ana Machado da Encarnação (natural da própria
cidade e filha de Antônio Machado de Aguiar com Catarina da Encarnação), depois
retorna para sua cidade natal N.S. da Estrela da Ribeira Grande em 1762. Em 17
de março de 1766, casa-se em segundas núpcias (livro 9º fl.216-v) com CATARINA
INÁCIA DA SILVEIRA (natural da mesma freguesia e filha de Manoel José Raposo e
de Florência Teresa do Sacramento).
Deste enlace nasce JOÃO
DE MELLO AZEDO, em 07 de outubro de 1776, na mesma freguesia e batizado em
28 de outubro de 1776 (livro 28º fl. 234-v) pelo Padre Nicolau Dias Azedo
e como padrinho o Padre Manoel de Mello.
Aos 18 anos ele veio para o
Brasil em circunstâncias não muito conhecidas, é tradição que veio como
clandestino num veleiro, chegando ao porto do Recife em setembro de 1794.
Quando aportou no Recife não demorou muito, visto que o Almirante da embarcação
que veio o reconheceu e com medo de ser encontrado pela família e ter que
retornar aos Açores acabou indo desbravar o interior do estado de Pernambuco,
chegando até a cidade de São Lourenço da Mata (zona da mata norte do estado de
PE), onde fez seu primeiro assentamento. No início de muita dificuldade teve
que apelar para o comércio ambulante (mascate), no interior da província,
fazendo viagens até Tracunhaém, para onde se mudou pouco tempo depois,
construindo um pequeno sobrado de pedra para sua residência e depósito das suas
mercadorias.
Continuando o mesmo ramo de
negócio, passou a viajar até o estado vizinho a Paraíba, chegando até a cidade
de Mogeiro, então distrito de Pilar (está região fronteiriça entre os estados
de Pernambuco e Paraíba, tem uma particularidade, pois na sua grande maioria,
metade das cidades fica num e outra noutro estado).
Em Mogeiro ele fez amizade
com um grande proprietário de terras o senhor Alberto Cabral de Vasconcelos que
era casado com D. Anna Cavalcanti, filho de Manuel de Jesus Cabral de
Vasconcellos, com quem firmou fortes laços chegando após algum tempo a casar
com a filha do fazendeiro a senhorita Tereza de Jesus Cabral de Vasconcelos em
setembro de 1802 ou 1803.
É contado pelos
descendentes um fato pitoresco: antes de deixar a vida de mascate teve
problemas com seu sócio que desperdiçara os miúdos da galinha, fato este
absurdo para ele.
Deixando a vida de mascate
passou a se dedicar a agricultura e instalou-se no sítio Boa Vista. Muito
esforçado e econômico, tornou-se um dos grandes produtores de algodão do estado
de Paraíba. Começou então a olhar para o sertão paraibano, fundou o Curimatau,
onde hoje se ergue a cidade de Picuí, e tendo ainda, datado de 1807 um pedido
de terras no PILAR, MOGEIRO e TAIPU, tendo fazendas de criação de gado (Cabeça
de Boi, Cotovelo, Mandacaru, Maniçoba, Olho D’ Água, Riachão e Suçuaraba, estas
já em terras do seridó no estado do Rio Grande do Norte, nas quais colhia em
média, 1.000 novilhos por ano).
Assim que seu filho
primogênito, João de Melo Azedo Filho, mostrou-se em condições de ajudá-lo,
entregou-lhe a administração da Fazenda Boa Vista, na Serra Verde e
transferiu-se para a várzea do Paraíba, onde adquiriu os engenhos de açúcar:
Puxi de baixo, a sede ficava na freguesia de Santa Rita aos arredores da
capital, hoje João Pessoa, Puxi de Cima, Gameleira, Santo Antônio, Pau Amarelo
e Tabocas, que cedeu mais tarde para o seu grande amigo Dr. Joaquim Fernandes
de Carvalho. Os engenhos de açúcar ficavam na região que vai de João Pessoa ao
Pilar.
Teve grande projeção social
tendo sido Capitão da Vila do Pilar durante muitos anos, sendo afastados por
algumas vezes por circunstâncias políticas, como em agosto de 1822. Pela
revolução de 1817, viu-se forçado a fornecer mantimentos aos revolucionários.
Foi Comandante da polícia da província da Paraíba, em cujo cargo e achava
quando agraciado com o hábito da Ordem de Cristo (cavaleiro), por decreto de 02
de dezembro de 1828, data do terceiro aniversário de D. Pedro II. Foi provedor,
pelos menos uma vez, da Santa Casa de Misericórdia da Paraíba, tendo assumido
este cargo no ano de 1830, como consta na página 111 – Vol. I do livro “Datas e
Notas para História da Paraíba” – de Irineu Ferreira Pinto.
Em 13 de maio de 1817 O
Capitão João de Melo Azedo, conjuntamente com o seu genro ALEXANDRE DA COSTA
CUNHA LIMA, assinam a ATA DE FIDELIDADE ao Rei D. JOÃO VI, como consta no livro
acima citado de Irineu Pinto.
Existe
uma grande lacuna no que concerne a sua relação de filhos, vários autores
afirmam que o mesmo teve 22 filhos, mas só há registro de 11, como no livro “Os
Mello Azedo da Paraíba” de Adauto Ramos e mesmo em manuscritos legados ao
Instituto Arqueológico e Histórico de Pernambuco, por Diogo Soares Cabral de
Mello.
A
tentativa agora é localizar o seu inventário, onde poderíamos ter um documento
comprobatório e esclarecedor desta questão.
Podemos
afirmar que João deixou uma descendência que povoou a zona da mata paraibana,
trazendo grandes nomes para a história recente da Paraíba.
Abaixo
segue a relação dos nomes de seus filhos conhecidos, podendo fiquem a vontade
para colaborar, não só com novos nomes, mas também com informações sobre estas
pessoas:
1. Cel. João de Mello Azêdo Filho;
2. Joaquina
de Mello Azêdo;
3. Maria
do Patrocínio Cabral de Vasconcellos de Mello Azêdo;
4. Antônia
Cabral de Vasconcellos Burity;
5. José
de Mello Azêdo;
6. Ana
Cabral de Vasconcellos Castro;
7. Cônego Firmino Mello Azêdo;
8. Tereza
Umbelina Cabral de Vasconcellos de Mello Azêdo;
9. Joaquim
de Mello Azêdo;
10. Félix
de Mello Azêdo;
11. Capitão Francisco Antônio Cabral de Mello (Azêdo).
Agora
outro fato curioso concerne que até então os nomes conhecidos o único que teve
o sobrenome Cabral de Mello, foi justamente o patriarca da família Cabral de
Mello, Francisco Antônio.
Certamente
dentre os outros 11 filhos não localizados deverá ter outro “Cabral de Mello”.
ACM
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