Como prometido, eis que aqui estou a escrever...
Tentando encontrar tempo, onde o
próprio tempo afirmar não ter, pois passadas as 24 horas diárias, ainda insisto
nesta tarefa realizadora e gratificante, escrever.
Então voltemos a paixão e hoje
diante das teclas e não mais das penas, escreveremos sobre passeios pelo o
Recife.
Bem, na luta diária para manter a
saúde física e psíquica, adotei a caminhada aos finais de semana, com um objetivo maior, o de guardar
em imagens aquilo que apreciamos, ou aprecio.
Neste início, me fiz de rogado e
fui logo pelas bandas do Poço da Panela, teria lugar mais promissor para
iniciar?
O Poço da Panela, é um bairro
pequeno, encravado no bairro de Casa Forte, tendo seu surgimento datado de meados
do século XVIII, e suas terras faziam parte do então Engenho Casa Forte, este bem
mais antigo, pois fora doado por Duarte Coelho, a título de dote a Diogo
Gonçalves.
Sabe-se que o engenho Casa Forte[1],
era movido por animais e possuía uma grande extensão territorial. E seu início
se deu em meados do século XVI, sendo, portanto, bem mais antigo que a
localização que aqui descrevemos.
Com o passar dos tempos, pela sua
paisagem preservada e bucólica, diziam que as águas do Capibaribe próximas a
localidade eram medicinais ou milagrosas.
Mas, voltemos ao tema - Igreja do
Poço da Panela, cujo o Orago[2]
é o de Nossa Senhora da Saúde[3],
e Nossa Senhora recebe está denominação, por ser uma de várias invocações
marianas, usada pela Igreja Católica de Roma, que também pode-se chamar “Ladainha
de Nossa Senhora[4] [5]”
A quantidade de ladainhas é
imensa, pois faz referência aos muitos títulos de Maria seguidos do pedido “rogai
por nós”.
Assim, temos outras tantas explicações, para ser Nossa senhora da Saúde, vinda por ser invocada pelos doentes, mas que também poderia ter sido agraciada a bela capela, por estar ligada ao local das “água milagrosas”.
De certo, e com fonte mais confiável, temos, como bem afirma Padre António
Vieira no seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus:
“Perguntai aos enfermos para que
nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde [...]”,
e assim, tendo se popularizado no início do século XVI.
Fato, que também, lhe é atribuído (e provavelmente aqui encontremos a sua popularização) devido aos grandes surtos ocorridos em Portugal[6],
e possivelmente diante da intervenção milagrosa de Nossa Senhora, para culminar
com o fim destes[7]. Desta
forma, depois de superado estes surtos[8]
foram construídas diversas igrejas ou renomeadas outras antigas existentes.
Recife (PE), 25 de Abril de 2025.
ACM
[1] Praça
de Casa Forte. Disponível em: http://www.fundaj.gov.br
– consultado em 24 de abril de 2025.
[2] Divindade
a quem se dedica um templo, uma capela ou um oratório; padroeiro. Dicionário
Brasileiro da língua portuguesa.
[3] GUERRA,
Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife: Prefeitura Municipal,
[19--?]. p. 241-248.
[4] RANGEL, Paschoal. Maria, Maria... -
Ladainha: invocações feitas para louva. Belo Horizonte: Editora o Lutador,
1991, pg 14.
[5] ALMEIRA, João Carlos. Ladainha de
Nossa Senhora: o sentido de cada invocação. São Paulo: Editora Ave-Maria, 2010.
pg 11ss.
[6]
Fato este ainda nas crenças e tradições populares, sem nenhuma comprovação
bibliográfica pesquisada.
[7] https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-da-saude/29/102/#google_vignette
– consultado em 29 de abril de 2025.
[8] Rodrigues,
Teresa (1990). Crises de Mortalidade em Lisboa: Séculos XVI e XVII. Lisboa:
Livros Horizonte. ISBN 9789722407427
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