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Um Estadista?


Qual seria a situação do Nordeste brasileiro, mais especificamente de Pernambuco, se não houvesse ocorrido à expulsão (compra) dos holandeses?
É um questionamento a ser debatido, cousa que nunca houve, ou não se quis ter!
Mas torna-se imperioso, este debate, para realmente cada vez mais conhecermos nosso país e principalmente como se deu a colonização (exploração).
Não podemos imaginar o Recife hoje, sem a contribuição dos batavos na sua formação. O Recife, chamado pejorativamente de o “povo” era simplesmente um porto, muito mal visto pela nobreza da terra, que tinha Olinda como sede da Capitania. Tudo emanava de lá, e não havia qualquer interesse da nobreza local, que isso se modificasse, na verdade o Recife deveria continuar como era simplesmente o “povo”, onde era e servia de saída de mercadorias, em virtude do porto.
É inegável a prosperidade oriunda do período Nassoviano e mesmo depois gerando assim diversas brigas entre as duas cidades, ou melhor, entre a cidade e o seu oitão.
Não fosse a contribuição de Nassau, qual seria a situação do Recife hoje? Se pararmos um pouco para apreciar, sim apreciar, pois um simples olhar para a cidade hoje veremos detalhes que se mantêm a mais de 300 anos e detalhes de uma cidade além do seu tempo, visando seu lado humano, urbano, humanístico, trazendo consigo vários cientistas, pintores, engenheiros, entre outros. O Recife antigo, a ilha inicial e menor em área, tem o mesmo desenho urbano da época Nassoviana! O que dizer disso, que ele estava errado? NUNCA, nós que não soubemos continuar o seu legado de amor ao nosso Pernambuco.
O Recife cresceu e foi colonizada, como cidade, graças à visão revolucionária do Príncipe de Orange e que colonização! Então pouco tempo, Nassau promoveu uma verdadeira revolução, no sentido progressista da palavra e sem o mesmo, a presença batava não teria sido muito diferente da dos portugueses, apesar de Pernambuco ter tido muita sorte com os seus comendatários, desde a chegada de Duarte Coelho até a independência do Brasil, pois aqui ocorreram grandes levantes em busca da força, persistência e acima de tudo, a cultura de ser pernambucano.
Pode parecer um escrito separatista, mas não o é, queríamos um País livre e com conjunturas políticas e uma nova ordem Nacional, ou local, como queiram, mas o objetivo era demonstrar o descaso do Sul (aqui lemos Rio de Janeiro – sede) com o famoso Norte Agrário, que era apenas financiador dos demandes existentes.

A colonização portuguesa, era como dizia um autor que agora não me recordo o nome, “igual a caranguejo”, ou seja, só ficava andando de lado no litoral, e muito poucas vezes procurou desbravar o interior. Não podemos dizer que com os holandeses foram ou seria diferente, mas foi fortalecida, com um propósito definido, de fazer ali uma nova cidade, capaz de aceitar as divergências religiosas e conciliar a vaidade da Capital, com o trabalho do porto. Olinda perdeu o bonde da história e os recifenses aproveitaram a situação e os investimentos batavos (judeus) e surgiu fortalecida.
Mas voltemos ao título, será que se Nassau não tivesse dado início ao seu sonho de tornar aqui uma cidade próspera como estaríamos? Será que teríamos tido tantas revoluções? Nunca saberemos, mas onde ele passou trouxe progresso, artes, dentre tantas outras benfeitorias realizadas num espaço de tempo tão curto, se falássemos hoje iríamos dizer que ele era o “cara”.
Ao invés de Nassau, se outro tivesse sido o comandante da investida “empresarial” dos Países Baixos ao Nordeste brasileiro? Será que teria sido Recife a capital? Onde estaríamos hoje? São respostas que nunca teremos, mas não podemos, nunca, deixar de registrar todo o legado que o general, comandante, administrador e acima de tudo um pacificador, um homem à frente do seu tempo, João Maurício de Nassau Siegen, nos deixou de herança.
Um homem que em pleno século XVII, já pregava a tolerância religiosa, mesmo sendo uma estratégia, onde trouxe a urbanização a um centro minúsculo em termos físicos, como o Recife e acima de tudo soube conduzir um povo com rixas religiosas, culturais, altamente preconceituosas.
Não sou o dono da verdade, muito longe disso, mas para mim o Recife deve o que é hoje a Maurício de Nassau. Cabendo aqui, é óbvio, um estudo mais aprofundado, um debate que acho que deveria ocorrer e na verdade nunca saiu do papel, se é que chegou até ele, mas a contribuição é inegável, pelo menos no que concerne ao Recife, aonde o Príncipe chegou e como dizemos: “foi amor à primeira vista” e que vista!

ACMA

Comentários

  1. Pensamento perfeito, primo. Muito se deve a essa curta mas eficiente e humana administração. Realmente, onde estariam vocês hoje, no caso de outro regente, com outra visão?

    Lembra-me sempre de meu pensamento de que sou eternamente grato a um certo Napoleão Bonaparte por ter invadido a península Ibérica e ao final Portugal, forçando a Corte a fugir para sua colônia no local do Rio de Janeiro. Novamente, onde estaríamos hoje se tivéssemos nos mantido então como simples província de colônia, sem todas as benfeitorias trazidas pela Corte na forma de instituições desde a Catedral da Antiga Sé, o Real Gabinete Português de Leitura e até a arte do Padre José Maurício regendo o Réquiem de Mozart pela primeira vez e compondo seu próprio Réquiem em homenagem ao falecimento de D. Maria I? Fora a presença marcante da Missão Artística Francesa.... Visão de D. João que, apesar de todos seus defeitos, soube compreender que esta imensidão não deveria ser apenas uma expansão extrativista, mas deveria alcançar os níveis europeus de cultura, indústria, ofícios e civilização.

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